terça-feira, 28 de maio de 2019

Ratos de laboratório?

Há tempos, nós mulheres, lutamos por direitos por relações igualitárias, por menos opressão, menos violência e medo. São lutas travadas todos os dias no mais diferentes ambientes que frequentamos, diariamente, e contra as mais variadas personificações destes algozes.
É difícil reconhecer esta luta quando nos deparamos com outras mulheres que acabam, achemos que, sem perceber, por diminuir ou desvalorizar a importância desta guerra.
Estava eu em casa, quando uma vizinha começou a ouvir os hits do momento. Entre eles estava um que me chocou por três motivos: A autoria, a letra e a reprodução. A música tem por título cobaia.
Somos sabedores de que, as músicas, por Ns motivos, seduzem, encantam, fixam no pensamento e porque não dizer que, reforçam ou trazem novas ideias? A exemplo disso, são os sucessos que perduram anos, passando por gerações. A música, talvez, seja uma das artes mais poderosas de influência no ser humano. Seria desnecessário citar os inúmeros exemplos do que elas promovem no público que a aprecia, e, com este hit, não seria diferente.
Uma das batalhas do gênero feminino é o relacionamento abusivo, infiel opressor; é o relacionamento de migalhas. E, particularmente, é isto que a música sugere que as mulheres aceitem: Um amor que não é seu. A sensação que nos dá é de que vamos ser "campo de treinamento" para o/a outro/a receber o que é bom, aperfeiçoado. "Testa esse amor em mim" e se for aprovado, dê-lhe a que merece, "aceito esse emprego de cobaia".
São ideias como estas que estão impregnadas e que, vistas como sem intenção ou maldade, vão sendo repassadas inconscientemente como se fossem verdades a serem vivenciadas. São pensamento enraizados que, "sem querer", continuam sendo alimentados e fortalecidos, tornando a luta exaustiva e' massante'.
 Pergunto-me até quando vamos dar sucesso a este tipo de hit que diminui, inferioriza e despreza a mulher? Músicas acompanhadas de coreografias que tornam a mulher como objeto, seres descartáveis? Até quando vamos nos mostrar disponíveis e dispostas a aceitar qualquer sentimento, mesmo que ele venha em migalhas, pela metade ou tenha outro endereço?
                                                                                          Elza Reichert, maio, 2019.

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