terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Cap I

 I


Já era fim de tarde e minha paciência estava no limite (nenhuma novidade, já que paciência nunca fez parte de mim). Ainda faltava uma semana para o fim do último período da universidade e juro, juro que se faltassem duas semanas, eu não chegaria ao fim. Pelo menos, era sexta-feira e eu ia descansar no fim de semana e adiantar tudo que eu pudesse. Definitivamente, nada atrapalharia meus planos, nem as loucuras acompanhadas daquela cara de cão sem dono que a minha colega de quarto, Vivian (Vivi), faz para me convencer de “topar” suas invenções.
Parei no meio do caminho para comprar algo para comer e ir direto para casa. Ao abrir a porta, Vivian já está com a cara verde de tanta máscara, com o corpo coberto de creme, toalha na cabeça, ouvindo música… Droga!! Isso não é um bom sinal.
- Calma, Sun. Você está decidida! Ela não vai te convencer dessa vez. - repito isso para mim mesma, incontáveis vezes.
- Sun, estava mesmo a sua espera. Olha só…
- Nem vem, Vivian! Estou sobrecarregada e preciso descansar.
- Quem disse que você vai fazer alguma coisa? Eu farei tudo, já até escolhi sua roupa.
Reviro meus olhos, giro sobre meus calcanhares e me dirijo a minha escrivaninha onde despejo meus livros e bolsa e vou ao banheiro. De frente para o espelho digo: - Você é forte, mocinha! Hoje, ela não consegue.
Tudo que eu preciso neste exato momento é de um bom e demorado banho para lavar essa semana de cima de mim. Pego meu celular e ponho uma música no volume mais alto e entro no chuveiro. Sorriu ao ouvir backstreet boys tocar, nem lembrava que havia baixado aquelas músicas...lembranças boas me vêm a memória. Consigo lembrar do dia em que escrevi uma carta quilométrica, cheia de I love you, jurando que eles receberiam. Tempo que poderia voltar. Saio do banho enrolada em meu roupão e deito na cama.
- Sun, por favor, vamos sair hoje? Vai ser uma festa perfeita na piscina. Você vai se divertir, socializar, quem saber até conhecer alguém, ficar...já se passaram quase 3 anos que seu relacionamento com sr. Chato acabou e você está ai solteirona, sozinha, sem ninguém. Você precisa se permitir…
- Vivi, não estou a fim de nada agora, muito menos de piscina, barulho e casinhos amorosos estilo fast-food. O sr chato, tem nome e você sabe: Rafael. E, eu estou muito bem sozinha e você, mais do que ninguém, deveria saber.
- Acho que o sr Chato te fez a sra Chata!
- Garanto a você que nasci assim.
- Nem duvido! Você sempre foi chata mesmo. Mas, nunca insuportável. Mas, amo você!
- Para, Vivi. Odeio cócegas. Sai! Vá terminar sua autoprodução.
Coloco meus fones de ouvido e vou me atualizar nas redes sociais. Vivi sabe que odeio quando ela se joga na minha cama e faz cócegas em mim. Adormeço e nem a vejo saindo.
- Nossa! Que horas são? A Vivi ainda não chegou. Também, não é do seu feitio sair antes da última pessoa da festa, então, ela deve chegar quando estiver amanhecido.
Caminho em direção a geladeira em busca de algo para comer. Não levo muito tempo, considerando o tamanho do nosso apartamento composto por uma sala, dois quartos, banheiro, cozinha e lavanderia. Mas, é aconchegante, tem nossa cara, embora não tenha muitas coisas já que ainda somos universitárias e não temos muito no banco. Ainda bem que a Vivian fez compras… faço um macarrão, pego um pouco de vinho e me sento na ilha da cozinha e como saboreando lentamente. Faz tempo que não faço uma refeição com tempo. O relógio marca 23h. Decido ver um filme até o sono chegar novamente. Adoro romances, acho que porque me fazem sonhar acordada, embora não esteja mais na idade.

- Que barulho foi esse? Uma hora dessas! Lado ruim de apartamentos..a gente sempre escuta tudo que acontece no andar superior, os barulhos parecem que ecoam dentro de casa. Melhor verificar e vê se alguém se machucou e precisa de ajuda.