quinta-feira, 31 de maio de 2018

Capítulo II


II


- Olá! Olá! A senhora precisa de ajuda?
- Dona Germana?
Faz alguns minutos que chamo, toco na campainha e ninguém responde. Escuto gemidos, mas não consigo distinguir o que a pessoa diz.
- Por favor, você consegue abrir?
Vamos, Sun, você é esperta. Pensa em alguma coisa...pensa...pensa!
Ouço algo se arrastando dentro do apartamento e de repente, uma chave sai por baixo da porta. Imediatamente, eu abro a porta, mal conseguindo passar, faço força e vejo que há um rapaz deitado atrás da porta, olho rapidamente em volta, para tentar entender o que está acontecendo e me deparo com aquela bagunça, quando sinto o aperto em meu braço, o que me faz voltar minha atenção para ele.
- Onde está dona Germana? O que você faz aqui na casa dela?
- Sou neto dela.

Ele adormece ou desmaia...sei lá. Apaga geral.

- Oi, o que houve? - Pergunto e faço força para tentar suspender sua cabeça em meu colo.
- Por favor, não me deixe!
- Você deve ter caído. Há um corte na sua cabeça e no seu braço. Talvez devêssemos ir a um hospital.
Ele abre os olhos e eles vão direto aos meus.
Que olhos! Que olhar! Sua boca é tão convidativa...putz, Sun!
Mexa-se! Alguém precisa de ajuda e você está sonhando acordada com um desconhecido?!
- Não, por favor, não! Fique aqui comigo.
- Ei, abra os olhos! Oiiiiii…acorda, por favorzinho.
Agora é que ferrou tudo. Como eu vou levantá-lo daqui? Melhor ligar para emergência. Não vou poder fazer muita coisa aqui, aliás, nada. Nem da área de saúde eu sou.
- Alô! Oi, estou ligando porque um rapaz que mora no mesmo prédio que eu, está machucado e não sei o que houve ao certo. Vocês podem enviar uma ambulância? Ele está desmaiado.
- Claro, senhora! Só me passe o endereço completo.
...

Parece uma eternidade. Respiro fundo e olho o relógio e digo para mim mesma e numa altura que dê para meu desconhecido ouvir… - Vai ficar tudo bem, só faz 10 minutos que liguei.
Meus olhos não param de observá-lo. Parece que inconscientemente estou tentando decorá-lo, talvez eu não o veja mais. Ai como sou boba…

- Graças a Deus que vocês chegaram. Falo e me levanto para abrir espaço enquanto a enfermeira se aproxima e me faz perguntas que eu não sei responder e estou tão perdida em tudo que está acontecendo e nos meus pensamentos que nem me dou ao trabalho de explicar.
- Senhor, consegue me ouvir? Moça, acho que seu namorado bateu forte com a cabeça
- Não, ele…
- Vamos levá-lo ao hospital. Quer vir conosco na ambulância ou prefere nos acompanhar com seu carro? Precisamos que leve algum documento seu ou dele.
Nossa, ela falou tão rápido que nem me deu tempo de dizer que ele não é nada meu, embora meus pensamentos alimentassem essa sugestiva ideia.
Bato a porta e passo a chave, já que ela ainda está na fechadura desde a hora que entrei. Corro pelo corredor, pego meus documentos e desço as escadas na tentativa de chegar ao mesmo tempo que o elevador. Na ambulância, seguro sua mão e digo mais para mim do que para ele: - Vai acabar tudo bem!
- Quer dizer que seu nome é Azle. Prazer em conhecê-lo, Azle. Sou Sun, sua salvadora.
Depois de fazer a sua ficha e vê-lo entrar para ser atendido, descobri seu nome e não sou boba de não mexer nas coisas dele...
- Bem, eu o socorri, tenho direito. Penso assim para me livrar da culpa de saber que eu não deveria.
Logo, vejo que há uma foto. Foto de uma mulher muito bonita. Loira, cabelos longos, não dá para ver se é alta, mas tem um corpo bonito. Atrás tem escrito: Sua e a data. Deve ter sido em um momento importante e a data é de 2 meses atrás. Melhor guardar isso e esquecer. Vou verificar se ele foi atendido e tratar de ir embora e esquecer todo esse agito. Aliás, são quase 2h da madrugada e meu apartamento ficou aberto. Que cabeça a minha!!













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